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Um demônio enlouquecido e nu apareceu
Está infeliz em sua dor?
Perguntou e não esperou a resposta
Já foi receitando solução e compensações
Surgiu ao mando das sensações
Abriu as formas de convolar o sentimento
Mostrar quantas transgressões
Dispunha em uso e resumo no trato da vida
Olhar de súcubo derramou satisfação
Prometendo remir qualquer meu querer
Mostrando incompleto o mundo sem solidão
E oferecendo inteiro o poder da sedução
Propunha armadilhas, conjurações e ardis
Para tudo deixar aos meus pés
E tirar a contristação de todas as mágoas
Permitindo figurar o comum do humano
E o demônio enlouquecido e nu se calou
Espantado com a emoção entrelaçada
Ao abandono e ao maior da ausência
Sussurrar junto com meus pecados
Filho da puta
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Um anjo esguio e triunfante apareceu
Então crês nos ornamentos da tua dor?
Perguntou e entendeu afirmativa a resposta
Que nem boca ou pensamento respostou
Presunçoso seguiu ritual sem cabimento
Querendo convencer-me se convencendo
Afirmou salvação na latomia de salmos
Querendo comprar algum arrependimento
Imputava-me todos os pecados do mundo
Dizia-se enviado como um último elemento
Pedia entendimento como um gesto de fé
Prometia remitir e calar meu tormento
Acreditava cegamente me tomar pelas mãos
Oferecendo em poucas doses de generosidade
Tanto quanto sem paga posta, desse lenimento
Para aplacar as mágoas do derradeiro amor
E o anjo esguio e triunfante ouviu
Na voz do sentimento da minha dor
Sem qualquer hesitação dar o consentimento
Para a pureza dos meus pecados mandá-lo para
A puta-que-pariu
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MQ
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Pra ler e reler inúmeras vezes. Cada palavra um peso/leveza, cada frase uma leveza/peso. E assim, entre pesares e levezas anjos e demônios nos habitam e transformam nosso "jeito de sentidor".
ResponderExcluirGosto muito desse duo.
Bjs!
Márcia,
ResponderExcluirEu também gosto, é tudo que somos.
Abraços.