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Fisionomia sumida, um quase sorriso esquecido na boca enrijecida, mas via tudo como se as pálpebras fossem de vidro. Podia vê-la sem disfarçar as lágrimas, insinuando-se para o amigo com o charme da dor. Ela, tinha sido dele e de outros.
Ele, dela e de tantas outras que vieram vê-lo durante aquela madrugada; choravam discretamente, passando a mão em suas mãos entrelaçadas.
Uma noite especial aquela. O sentimento reunido em cada um passeando pela inércia do seu corpo. Podia ver a mentira escondendo-se no fundo de muitos olhos. Os amigos queriam o amor de todas as suas mulheres que se despediam chorando, mas gesticulando possibilidades.
Ele, na imobilidade da morte, entendeu o medíocre nos seus olhos também. Não agüentou mais; num grande esforço, conseguiu libertar-se do corpo.
Da porta olhou as pessoas, constatou o falso em cada uma delas e em si mesmo. Sorriu indiferente; sua alma deu a última olhada na mulher, nas amantes, na mais regular e saiu – foda-se – foi beber no Bar das Almas.
MQ
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segunda-feira, 11 de maio de 2009
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