domingo, 10 de outubro de 2010

ANA TERRA

Independente


Desde a hora que nascemos até a hora da nossa morte buscamos pertencer a algum lugar. Dos primeiros aos últimos passos, caminhamos consciente ou inconscientemente em direção ao pertencimento, mesmo que seja viver sozinho e isolado no meio da floresta. A floresta é nossa instituição. Mas, se você não se sente cabendo confortavelmente em lugar nenhum, faz o quê? Vai ser artista, ora bolas! E independente, por favor...


Agora, falando sério, não vamos corromper os conceitos. Disco Independente foi chamado o modo de produção que floresceu na música brasileira nos anos setenta, cuja propriedade do fonograma é do artista.

Música Independente e Gravadora Independente são expressões utilizadas universalmente para definir toda e qualquer gravadora ou relação de trabalho não relacionadas às chamadas “majors”.

A indústria fonográfica em nosso país difere radicalmente, por exemplo, da indústria fonográfica norte-americana, onde milhares de “selos independentes” possuem mercado próprio devido ao forte protecionismo que aqui é inexistente.

Como país colonizado cultural e economicamente, o Brasil não pode construir seu próprio mercado, que foi ocupado, em todos os setores, pelas empresas estrangeiras e/ou multinacionais. Essas gravadoras, além de comercializar aqui a música estrangeira produzida em seus países de origem, receberam do Estado, a título de “incentivo à música brasileira”, isenção total do ICM-Imposto sobre Circulação de Mercadorias. Só para lembrar, o investimento nunca foi integralmente do capital internacional, mas sim da renúncia fiscal.

Na realidade brasileira, sabemos que a indústria fonográfica, desde o início de sua implantação, é formada majoritariamente por empresas multinacionais. Nos últimos tempos, seu modelo concentrador e excludente alijou do mercado a maioria de seus artistas consagrados, sem falar nos iniciantes, empurrando-os para a criação de selos próprios - similar à prática dos chamados alternativos. O modelo cooperativo desse tipo de produção, onde não há vínculo empregatício entre os participantes, e o artista é proprietário do fonograma produzido, não deve ser confundido com a gravadora nacional, que se autointitula independente mas que reproduz o mesmo modelo empresarial das gravadoras multinacionais.


Por Ana Terra

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2 comentários:

  1. Alguém já disse: Esse país não é sério :o), mas que tem um povo sério lá isso tem.
    beijo

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  2. Tem sim Sueli. É no que mais acredito apesar de tudo. Bjos.

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