.
O debate sobre a reforma da Lei de Direitos Autorais tem cada vez mais se polarizado entre os que defendem a manutenção do sistema atual e aqueles que querem flexibilizar radicalmente as regras. Posições extremas que levam a um impasse incontornável e perigoso.
Nenhum desses pontos de vista nos parecem equilibrados ou conscientes dos problemas, desafios e possibilidades gerados pela nova ordem digital. Uma proposta conciliadora deverá preservar fundamentos conquistados durante anos de trabalho da classe autoral e também incluir a nova cultura de acesso e consumo de bens culturais.
O futuro não deve aniquilar o passado. O passado não pode evitar a chegada do futuro. A grande questão a ser respondida, como propôs o diretor geral da OMPI, Francis Gurry, é: Como a sociedade pode tornar as obras culturais disponíveis para o maior público possível, a preços acessíveis e, ao mesmo tempo, assegurar uma existência econômica digna aos criadores e intérpretes e aos parceiros de negócios que os ajudam a navegar no sistema econômico?
Uma resposta adequada virá de "uma combinação de leis, infraestrutura, mudança cultural, colaboração institucional e melhores modelos de negócio”, ou seja, será fruto de um pacto entre diversos setores da sociedade.
Diante deste cenário, propomos uma Terceira Via para o debate sobre Direitos Autorais que agrega ideias e expande a abordagem. Entre nossas demandas destacam-‐se:
1. Defesa do Direito Autoral
Entendemos ser fundamental a preservação do direito autoral -‐inclusive no ambiente digital. É urgente a criação de mecanismos para remuneração do autor na Internet com o estudo de novas possibilidades de arrecadação no meio digital. Nesse sentido, a meta é uma política que, sem criminalizar o usuário, garanta a remuneração dos criadores e seus parceiros de negócios. Defendemos igualmente maior rigor com rádios e TVs inadimplentes.
2. Associações de Titulares de Direitos Autorais democráticas e representativas
As Associações precisam aprimorar seus mecanismos de decisão, envolver todos os autores e titulares em um ambiente democrático para garantir sua legitimidade mediante representação real e efetiva. Através do uso da tecnologia, as Associações devem modernizar a comunicação com autores e titulares, mostrar transparência, simplicidade e eficiência.
3. Aprimoramento Tecnológico e Transparência do ECAD
Defendemos o fortalecimento e a evolução do ECAD através da modernização e informatização total do sistema de gestão coletiva tanto no mundo real quanto digital. É fundamental a simplificação dos critérios de arrecadação e distribuição com transparência total.
4. Criação de um Órgão Autônomo de Regulação do ECAD
Criação de um órgão -‐ cuja composição precisa ser cuidadosamente estudada -‐ que promova a mediação de interesses, a transparência na gestão coletiva, além da fiscalização e regulação do sistema de arrecadação e distribuição de Direitos Autorais no Brasil.
5. Um ente governamental de alto nível dedicado à Música
A Música precisa ser entendida como força econômica importantíssima -‐ inclusive para exportação da imagem e dos valores de nosso país -‐ que, por se encontrar dispersa, requer aglutinação.
A criação de uma “Secretaria da Música”, ligada ao Ministério da Cultura, é essencial para que o governo tenha um ponto de contato com o setor em sua totalidade. Este órgão precisa de poder decisório e capacidade de articulação para agir tanto como ponto focal para que o setor se organize ao seu redor quanto ser o interlocutor dentro do próprio governo, pela transversalidade inerente ao campo de atuação da Música.
Diante da relevância do tema para as políticas culturais do país e do mundo, pelo potencial de geração de riquezas, pela sua importância simbólica, cultural, política e social, pedimos que a reforma do sistema de direitos autorais e a criação da Secretaria da Música sejam entendidas como prioridades para o Estado brasileiro.
Colocamo-nos à disposição do Ministério da Cultura para um dialogo aberto e equilibrado. Temos certeza que juntos podemos construir o mais avançado, moderno e transparente sistema de Direitos Autorais do planeta, _- e aprimorar nossa Música -‐ cultural e economicamente -‐através de politicas democráticas.
NOTA: Gostaríamos de registrar nosso repudio a todo e qualquer debate ofensivo e desrespeitoso. Apoiamos, acima de tudo, a troca de ideias inteligente e equilibrada.
PARA ASSINAR O DOCUMENTO ENTRE EM:
http://groups.google.com/group/gap-pro-musica
.
terça-feira, 8 de março de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O documento está em http://brasilmusica.com.br/site/destaque/terceira-via/
ResponderExcluirPenso que precisamos, ao invés de criar mais secretarias e órgãos, é construir instrumentos acessíveis aos criadores para que acessem, controlem, cobrem e recebam seus direitos. Penso em quais ferramentas podem ser aprimoradas para que eu, em minha casa, possa ter acesso garantido ao fluxo de execução/exibição/uso das minhas criações. Talvez seja necessário um cadastro nacional obrigatório e gratuito das criações e a requisição obrigatória de autorização desse cadastro para qualquer movimentação da "conta" dos artistas no sentido do uso da obra. Tudo o que não passar por esse "supercadastro" é ilegal e deve sofrer a ação da Lei.
ResponderExcluirSão duas frentes de ação interligadas: o cadastramento nacional único e eletrônico das obras em suas diversas vertentes e os mecanismos de acompanhamento e cobrança das irregularidades no uso da obra, conforme a Lei vigente.
Não sei se chovo no molhado...
Meu abraço a todos!
Grato Phonobase.
ResponderExcluirAbraços.
Marielza,
ResponderExcluirNão chora no molhado não, uma idéia muito boa e, se acrecida de legislação que pague apenas a pessoa física então, seria muito bom.
Te abraço.