terça-feira, 1 de março de 2011

SERTÃO DO SÃO MARCOS


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Sertão do São Marcos
Marcos Quinan


. Contos

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2000


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Capa
Tela “Sertão do São Marcos” – Marcos Quinan

Criação, fotografia e layout da capa
Marcelo Quinan


Fotografia
Roseli de Assunção Naves

Preparação
Lélia Wanderley de Campos
Roseli de Assunção Naves

Revisão
Carlos Roberto Lacerda
Roseli de Assunção Naves
Conceição Elarrat


ISBN 85-87374-18-4 - 244p. Conto brasileiro



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Para
Elias, meu pai,
tropeiro quando moço, no Sertão do São Marcos,
Maria, minha mãe,
do povo dos Três Quartas da Limeira
e
Sandra, Marco Antonio, Marina e Marcelo,
seus descendentes.



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Agradeço a Wantuil, Clarice, Orádia, Ana Vitória, seu Zé, Henrique, Roseli e especialmente a João Veiga (Ipameri Histórico), fontes permanentes de consulta, e a Lélia Wanderley de Campos, Carlos Roberto Lacerda, Conceição Elarrat, Camilo Delduque, Joãozinho Gomes e Reivaldo Vinas.


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Nessas histórias, as pessoas, suas simplicidades, costumes, estimas, tristezas, angústias, alegrias, espertezas e o jeito de viver existiram. Os fatos, lugares, caminhos e encantamentos foram misturados na imaginação. São histórias de pessoas comuns, do interior, onde a expressão oral conservada de boca a ouvido compõe a verdadeira linguagem brasileira.

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Distrito do Arraial de Nossa Senhora da Conceição, Distrito do Vai Vem, Município de Entre Rios, hoje Ipameri, no começo era o Sertão do São Marcos.

Nasci lá



MQ




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“Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor”

............................................Guimarães Rosa

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Chapada do São Marcos



Chapada do São Marcos
bera do Ri do Braço
Vai Vem é afruente
entre águas
entre rios
meio de cerrado
onde avoa codorna
e ispanto perdiz nos passo

na porta da casa
bambuzá parceiro de vento cantadô
na porta da casa tamém
um pau frondoso
que cumula sombra nos embaxo
as foia sôrta antes da frorada
e arcochoa a sombra
pr’eu deitá cum meu amô
se cai fror durmida
nóis panha e se prefuma
se cai diurna
nóis se farta de cheiro que nem beija-fror

teno tropa prá tocá
nóis vai no passo manso
mode num cansá animá
mode tê paga boa
corda cedo
dia sem raiá
móia os pé no sereno
prá animá incontrá
no pasto pequeno
nóis campeia eles
traiz, arreia e vai gado buscá
Istimosa, Paridera, Esperança, Lambari ...

às veiz nóis passa no vau
céu vermeio parino o sol
merenda já tá cherano
o corpo recrama sustança
nóis tira o leite
aparta o gado
e atende o corpo cum zelo

pur pricisão às veiz
nóis mata um capado já chei de ingorda
aí é festança
nóis sangra ele antes da lida do gado
mode as muié aprepará
a limpança, o discarne, o retaio
fazê a lingüiçada e as armôndega

se truveja nas cabicera do Braço
nóis fica preparado
água do ri vai lambê as berada
e favorecê a distoca
aí, é o imborná de paçoca
a cabaça d’água e o invergá do corpo no eito

nos ôi de inxada cumulado na vida
o atestado de labuta
coisa que os calo das mão
num faiz pur sê só dois
o da firmeza e o da repuxa

adipois da lida
no terrero, em vorta do lume
cum as istrela recamada no céu
a cheia fazeno crarão
os vaga-lume riscano o negror da noite
na guardança da terra

nos calo da mão
o cantadô recebe a viola
e na quietude
canta sua dismidida querença


ah Sertão do São Marcos
divisórias águas do Braço da minha vida
num achei a sabedoria de ficá
e me perdi nos caminho de vortá

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Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/

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