terça-feira, 2 de março de 2010

SEU RUFINO


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Seu Rufino
Para Eliakin Rufino

Quando o ser nasceu
Macuco pousou na copa
E o ar silenciou
Quando o ser nasceu

O grito que ele deu
Pela boca de um passante
Foi rufo de um Rufino
Lambendo escondição

Um verbo irreverente
Gemendo um apagão
No preto o céu se pôs
De susto e invocação

Tremeu o mato verde
Pulou os rios do chão
E o ato ficou fátuo
Amarrado fora das mãos

E o canto desse jitinho
Acochou a imensidão
A história de Macunaima
Resvalou sem atenção

Cortou o mapa da raça
Plantando uma nação
Nas raízes de Roraima
Nos gritos de um pregão

E o rufo de Seu Rufino
Ressoou pelo desvão
Trincou os ferros armados
Da altura caiu o cordão

O rufo de Seu Rufino
Acendeu o fogo no cão
Plantou mato no asfalto
E não se deu precisão

O rufo de Seu Rufino
Estalou feito carvão
Lançou só língua de laço
Reformou toda ação

O rufo de Seu Rufino
Fez brilho de zelação
Remunhou pelos caminhos
Colhendo suas canções


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MQ
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