quarta-feira, 4 de março de 2009

AMARGURA DA LÍNGUA

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De um mote de Paulo Fraga e para ele


Um poeta acadêmico
Saiu na sacada da frente
Olhou pra esquina da rua
E viu o povo adjacente

Não mostrou seus versos
Amestrados noutros modos
Não podiam saber entender
Receitava seus arrogos

Um país de iletrados
Não merece meu poema
Pensou, prezou e entrou
Pra dentro da sua cena

Um poeta do povo
Parou no momento da esquina
Nos seus versos de verdade
Recitou seu modo e rima

Não deixou nenhum passante
Sem lembrar alguma estima
Em seu modo postulante
Escolheu matéria-prima

Um país tão judiado
Carece do meu poema
Pensou, bradou e fincou
A vida em sua cena

Amargura da nossa língua
No jeito de dois irmãos
Um exprime tão claro
O outro não tem noção


MQ
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