A verve ferve nervosa no verbo perverso (frente e verso) de Vlado Lima. E na prosa. E na rima. Anárquico, sarcástico, circense, cigano, nonsense. De humor mordaz, sem mordaça, desbocado, manguaça, vindo lá das bocadas. Lotado. Mora longe e é folgado. Não o convide pra jantar! Ele aceita (e ainda pede a receita). Não lhe ofereça a maçã. Não lhe apresente a irmã! Ele aceita. Não lhe apresente o seu pai! Vai que ele vai… Vlado é uma trombada de Chacrinha com Jece Valadão na banguela (na janelinha), na contramão, a 300 km por hora em noite de lua cheia, com multa, juros e mora (“pronto pra trair seu coração depois da última ceia”). Contam que Zé do Caixão, quando o viu na carreira numa sexta-feira da Paixão (13)… amarelou! E Vlado sussurrou: “Reze”. Vlado é o rebento resultado do cruzamento de Mano Brown com Aldir Blanc… Num baile funk. É uma tabelinha de Felipe Melo com Kaká. Tango, bolero, chachachá. John Wayne. John Fante. Inferno de Dante. É perifa, é pife, PF, é rifa, é blefe. É geral, é Juventus x Portuguesa, é neandertal, maluco beleza, agitador cultural. É marginal. E é poeta. Penetra. Pirata. Viralata. Cama de gato. E tá na febre do rato! Vlado não é de etiqueta, é de estampa. Pimenta malagueta. Panela sem a tampa. Seu Madruga. Che Guevara. Uga uga! Sem Odara. Churrasco na chácara, carrasco (sem máscara) do bom-gostismo vigente. Palita os dentes e arrota Freud ouvindo a dupla Pink & Floyd. É um cara mau. 86% mau! Comeu o lobo e disse “miau”! É pau. É pedra. É o fim do caminho… Um homem na estrada. Um torto sozinho. Quando “a solidão uiva como um cão sem dono” atrapalhando, dos justos, o sono, Vlado gargalha, com aquela ruiva (ou seria morena?), no gogó uma metralha, na mão esquerda, um goró. É canalha (e não manda fulô). Vade retro, coisa ruim! “Naquele dia o sol ardia e acho que só chovia em mim”. O puteiro das universitárias é seu parque. Aonde vai só pra encontrar Joana, a dark, tomar umas brejas, dar uns beijos (e uns bocejos), falar de política, filosofia e outros micos. Cê sabe, essas coisas, Sócrates, Platão e Zico. Sambista roquenrol, Adoniran de guitarra, ray ban em noite de sol, coça o saco e escarra, peida em elevador (na maior classe), come pizza, toma passe, adora cair na night. Literalmente! Ri da high society, inventa mas não mente. Orgulho nacional, três vezes vice-campeão do torneio internacional de futebol de botão. No palitinho, então... Vixe! Nossa! Saída pela esquerda, mon cheri. Caminho da roça. Corta as unhas dos pés com alicate. O mano do açougue é seu alfaiate. Dizem que tá gravando um CD (pirata) e pra lançamento já tem data: até o próximo Natal estará à venda em casas de má fama, tendas de tarô, na mão da cigana, com o flanelinha, seu dotô!, enfim, em todos os camelódromos de responsa do Brasil. Zil zil. Ótimo presente pra dar pro amigo (da onça) ou de amigo secreto pra aquela mina do RH (mó tesão) que só ouve Araketu, Vercilo e Charlie Brown (jr.). Adora cozinhar, Kurosawa, Mazzaropi, mangá, Ultraman, Tom (Waits) & Jerry (Lewis), filmes do Tarzan. É DJ de festinhas retrô à lá anos 70. Recita (no original) Bashô (ou tenta). Pôs pra correr “o cara” e tomou o ponto, lá onde Judas vendeu as botas e Zorro, o Tonto. Contrabandeia versos proibidos e fanta uva vencida. Com recibo. Vlado Lima não fuma nem trafica (ipsis litteris); só come, não fica (ficar é pros ultrapassados). Vlado Lima se multiplica. Capaz das maiores proezas, escova os dentes com mostarda, falha mas não tarda, come buchada de bode sem camisinha e, de sobremesa, paçoquinha, passa fermento nos chifres e pimenta nas feridas (pra sentir a dor de um bolero), chuta o balde e volta pra estaca zero, vaca holandesa, vinho (suave) de mesa. Toma até gemada com kriptonita! Mas se vê um metrossexual… vomita! Se vê um mendigo comendo um pão amanhecido, pede um teco. E um tico. Um sujo numa noite perdida. Vê faroeste e torce pro cavalo do bandido. Lê Dostoiévski em quadrinhos (bem alto, pra irritar os vizinhos), compra Playboy pra ler a entrevista, (e pendura na maçaneta do banheiro: ocupado, não insista!). Com seus três superacordes faz canções que até Ricardo Soares duvida. Prazeres da vida, diários de bordes. Quando dorme, o duende é que o vê. Dá entrevistas na língua do P. Na maior larica, comeu farofa em encruzilhada (ou terá sido feijoada?). Fortemente influenciado por Rimbaud, Rambo, Batman e Robin (Hood). E, se espirrar, f... saúde! Vlado Lima não é flor que se cheire. Quem me contou foram Rafinha, Rogéria, Rosemeire. Em tempos de politicamente correto, manda pra casa do reto o eufemismo (tá aí talvez o porquê de ter tido dificuldade com a faculdade de jornalismo). Ex-coroinha, ex-cantor de inferninhos, excomungado por fazer paródia com a Ladainha... Organizador do Sopa. De Letrinhas. Pau. Pedra. Fim do caminho… Um homem na estrada. Um torto sozinho. Naquele dia o sol ardia e acho que só chovia nele. Mas ele é mau. Não tem medo nem do IML. Homem que é homem não chora. Essa coisa salgada que salta pelos poros e anda pela pele é agonia destilada, segundo ele. Vlado Lima é mau. 86% mau. Não queira conhecer os outros 14%! Mas Vlado Lima é um mau necessário. A nos acordar de um bem sonolento. Porrada no pâncreas dos otários. E olha que nem é violento! Cara feia pra ele é feiúra mesmo. Tá com tudo e não tá pra torresmo. Vem da Vila Ré (de ré) (de pijama) na contramão. Pobre de marré, marrento, sem um tostão. O Chapolin das músicas perdidas e das almas encardidas. O Sílvio Santos dos descrentes. O Elvis Presley dos malas. Se você nunca ouviu, tire as crianças da sala! E os doentes. O cara é mau! E manhoso. O cara é foda. E odeia Caetano Veloso. João Gilberto, então... Nem se fala! Tirem as crianças da sala! Não veio pra salvar porra nenhuma. Mas também aceita entrar numas. Prepare o seu coração. E o cotonete. Ele curte brincadeiras de mão. E (não) sabe onde (se) mete. Tá vendendo um violão. Já namorou uma chacrete. Já leu até o Tinhorão. Ainda vê videocassete. Montou um bar no Taboão. Ou lá na casa do cacete. Gosta de vodca com limão. De vez em quando picha o 7. Mas manja de fazer canção. Paro pra não jogar confete. Cartas de recomendação: favor tratar com a Suzethe.
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Por Léo Nogueira - http://oxdopoema.blogspot.com/
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