quinta-feira, 26 de agosto de 2010

JAC. RIZZO - Pensando em tardes azuis

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Nas noites em que não durmo, fico ouvindo o silêncio, pondo lembranças no colo, amores acariciando.

Se o sono é escasso, noites e eu, choramos juntas. E o lamento agudo e fundo, como uma faca, nos corta, nos fere no mesmo aço.

Abro janelas e portas, empurro o teto pro alto, que a tristeza cresce, precisa de muito espaço.

Palavras soltas, num eco,
fantasmas que me atormentam,
crepúsculos sombrios,

uma canção delicadíssima,
pedaços de lugares,
deslumbramentos tardios
e muitas, muitas tristezas
no vento.

A noite é escura e imensa
e num ritual quase macabro
ateamos fogo às vestes,
nos queimamos.

Depois morremos nus e ateus,
pensando em frias tardes azuis,
sem crença, sem luz, sem Deus.


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Jac. Rizzo - http://jacrizzo.blogspot.com/
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