quarta-feira, 17 de junho de 2009

MARIMARI

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Foi assim:

O vento, o vento.

Aquele som de folhas arrastando sua madrugada.

Algo me acordou ainda dormindo e me fez sonâmbula, girando ao vento dentro da casa. Mas não havia vento dentro de casa, só dentro de mim. E me levantei da cama sem me levantar. Quando vi estava no banheiro e eu era só vertigem. A cabeça rodava e meu corpo tremia. Quero gemer alto porque sinto mãos em mim, mãos que conhecem o caminho. Mas eu também sofro e gozo. Um gozo que veio arrastando as folhas do vento pra dentro de meu sexo. Um vento me falando coisas ao ouvido. Uma voz conhecida e longínqua de dentro de um sonho. Me falava, mas eu não sabia o que. Só sei que via o gozo vindo e ele se escondia. Brincava de esconde-esconde e depois vinha, ameaçando explodir com toda a casa. Mas depois não...

Eu estava em mim e não era eu. E aquelas mãos em meu corpo, quentes. Explorando e me apertando e me querendo e dizendo quero, quero, quero. Agora. Não me impeça. Agora. Não fuja!

Era alguém que sabia como invadir a madrugada e sair de si pra vir até longe onde eu estava. Alguém que sabe os segredos de viajar no tempo sem sair de agora, de já. Algum bruxo? Um místico, um alquimista?

Não me sinto bem... um gozo tão completo, a explosão, a vertigem, a dor... isso não é meu... não é meu... eu repito: Não é meu...

A parte de mim que é pequena, minúscula, não quer.

Por que me veio assim, invadiu, me impediu de pensar? Chegou antes, bem antes do meu não.
E quando vi...


Amanheceu.
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Marielza Tiscate - http://marimaritiscate.blogspot.com/
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