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tudo por fazer
na terra nova
encontrada aqui
tudo por entender
do braço índio
nascido aqui
vida viva
de vencidos e vencedores
vivendo livre
sobejando aqui
encontro das culpas seculares
aprendidas de joelhos
e mãos postas em armas
com a vida viva nascida aqui
contrição e a rubra mordaça
desnudada nas batinas
entalhes lúbricos
resultados sem lavor
traço negro trazido à força
para empenho e labor
vida viva
mutilada da altivez
restada nos porões
pútridos do estanco
manumissão de libertos
juntos
calados e misturados
às conquistas que o deszelo
cobriu com hipocrisia
sobrepondo lenitivo à vida
do braço índio cativado aqui
do braço negro exilado aqui
do braço branco renascendo aqui
verdade mestiça de dores
esparramadas em subserviência
findando no descaso com a terra
que se fingiu descobrir
o gentio se misturando
mesmo curvado
quimeras prenunciando salvação
imitando de mão em mão
um deus
um rei
mas sonhos podem ter
as mãos quando ganham
os espertos com seus grilhões
mas sonhos podem ter
as mãos quando tocam
a verdade nos sonhos
de outras mãos e somam
a escolha da liberdade
de mão em mão
óbolos de fel que põem
solenemente acima
falsos e vazios
circunspectos sujigando
em leis que moem
e subtraem apenas
estugando o ódio
nas entranhas
da morte em cal
sangue e fezes
embriagados na loucura
dos boticários
punindo em vão
segregando o respeito
dor
adornada de dor
adonando todos
desencadeando vala comum
e rasa do penacova
valimento dos restos
de menos valia
rompâncias e sujeição
assomados nas ruas
iniquidade torturando
calma e silêncios
no ecôo da concertina
no sibilo das balas
polução
na calma da noite
na soberba das alforrias
cordura com os atos
exéquias pequenas e tristes
nos arrabaldes do sonho
mourejados
só com a vida
cabedal que se doa
com zelo, sem datação
ressôo de bombardino
sibilo das ordens
entrando pelas gelosias
das janelas abandonadas
pelos senhores intolerantes
sobrecarga da ira
no gentio apartado
vagando erradio
pelos mocambos
deixando rastos
imperceptíveis
nos bivaques e caminhos
no negro amolegado
pela chibata
homiziado nos quilombolas
no branco tocado
pela liberdade sem laços
rompendo desígnio
detração pelos adros
e palácios como vômito
no linóleo impregnado
o esgar dos brasões
enrijecendo a verdade
pelas ruas e caminhos
espalhando a vontade
o gesto
lesto
esmiuçando os arredores
até o suburgo na beira do rio
onde folga homens
embaixo d´um pau copado
deslindando seu relato
parte por parte
para entender melhor
o dédalo das leis promulgadas
postergando e emudecendo
o ventre tenro
onde a liberdade
queria nascer
.
MQ
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segunda-feira, 29 de junho de 2009
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