sexta-feira, 19 de junho de 2009

ENTREATOS - Solidariedade

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A senescência morava no corpo. Não tinha família e só lembrava, vagamente, da infância passada perambulando e da solidariedade marginal; não sabia ler nem escrever. Vivia nas ruas catando papel velho e explorando lixeiras. A única vida que conhecia resumia-se em ganhar os trocados para a comida e a bebida.


Sonhos, nem sabia o que eram, mas olhava as figuras impressas no papel que catava e tinha o vício de ficar por horas a fio tentando desvendar se elas estavam com fome ou não.

Um dia, passando pela frente da casa, viu a modelo entrar, com a fisionomia cansada de um dia inteiro de trabalho. Um mês depois, colaram a fotografia pela cidade inteira. A campanha publicitária estava nas ruas. Ela estava linda, magra e seminua.

Ao ver a moça estampada em todos os lugares, lembrou-se onde a vira entrar; desse dia em diante, de toda a comida que conseguia arranjar separava a metade, embalava com o que tivesse à mão e deixava na porta da casa da modelo.

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MQ
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