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O acidente vascular cerebral o deixara com a metade do corpo sem os movimentos, o rosto quase todo paralisado. Por isso, nem era preciso fingir-se um imbecil.
Suportava todos os dias a rotina e o sol, a cadeira de rodas passando pelo irregular do passeio, dando solavancos.
Suportava a conversa dos conhecidos como se ele fosse um débil mental. Não se irritava.
Dentro do pensamento esbravejava dezenas de palavrões para as crianças que o olhavam despudoradamente e para os adolescentes e seus olhares complacentes.
Durante o dia estendia o pensamento para tudo o que gostaria de fazer e fingia poder menos do que podia, reservando energia.
À noite, sua alma abria o guarda-roupa e vestia o corpo são que tivera o cuidado de guardar atrás do melhor terno e saia escondido para a boemia.
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MQ
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terça-feira, 16 de junho de 2009
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