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Não entendiam quando ele falava que era uma pessoa triste, tampouco quando dizia que gostava de solidão. A primeira coisa que pensavam era que ele não tinha humor.
Ninguém entendia o tanto de descrença que acumulava; nos outros, em si mesmo. Queriam explicações e não as entendiam.
Foi se afastando aos poucos dos amigos, das pessoas. Deixou de freqüentar o bar, de ir ao cinema, ao teatro, aos recitais; não saia mais de casa.
Os amigos o evitavam, era denso demais, diziam. Virou um recluso; nas rodas, caçoavam dizendo que ele vivia com a tristeza e a solidão, como se fossem duas insignificantes e chatas mulheres.
Um dia se reuniram, amigos e conhecidos, e resolveram surpreendê-lo; apareceram sem avisar e foram recebidos sem surpresa. Elas tinham a beleza do mundo e eram muito sedutoras.
A Tristeza e a Solidão constataram todos, foram as melhores anfitriãs com quem conviveram.
E ele num canto do sofá quase cego e surdo, morrendo antes da morte, sorria para suas verdades.
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MQ
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quinta-feira, 18 de junho de 2009
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