segunda-feira, 5 de abril de 2010

EVERTON BEHENCK - DIMENSÃO

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Não gosto tanto
Quanto parece
De ser essa prece

Ao pé de um santo
Que não chora sangue

Que não sabe
Do milagre

Não gosto tanto
Quanto pode parecer

De beber fogo
Sobre fogo
Até que o corpo apague

E alguém
Me acorde
Com a mão disforme

Não gosto tanto assim
De tudo o que corre
Em minhas veias

A alegria
Que engulo

Uma a uma
Até que o mundo
Suma

E sobre ele
Se erga
A loucura

E sobre ela
Uma lacuna
E dentro deste espaço

Uma felicidade
Idêntica a de verdade

(A não ser pelo prazo de validade)

Me dizendo que já é tarde
Para saber a diferença

Não gosto tanto assim
Dessa certeza

De que nada existe
A não ser dentro da minha cabeça

Mesmo que seja ela
Quem permite
Que eu me liberte

De nada adianta
Ser livre

Se nada existe

Não gosto tanto
Quanto você diria

Da verdade sob a língua
Dizendo aos olhos

Que tudo pode ser

Que a terra respira
E de seu suspiro
Nasce um filho

Meio planta meio vício
E de seu choro

Um poço

Onde nenhuma moeda
Mesmo aquela

Do desejo mais sentido
Encontra abrigo em seu fundo

E nessa queda
Eterna

Acordo perdido
Sem nunca ter dormido

Não gosto tanto assim
Do suicídio

Mas posso estar mentindo


Everton Behenck - http://apesardoceu.wordpress.com/
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