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Não gosto tanto
Quanto parece
De ser essa prece
Ao pé de um santo
Que não chora sangue
Que não sabe
Do milagre
Não gosto tanto
Quanto pode parecer
De beber fogo
Sobre fogo
Até que o corpo apague
E alguém
Me acorde
Com a mão disforme
Não gosto tanto assim
De tudo o que corre
Em minhas veias
A alegria
Que engulo
Uma a uma
Até que o mundo
Suma
E sobre ele
Se erga
A loucura
E sobre ela
Uma lacuna
E dentro deste espaço
Uma felicidade
Idêntica a de verdade
(A não ser pelo prazo de validade)
Me dizendo que já é tarde
Para saber a diferença
Não gosto tanto assim
Dessa certeza
De que nada existe
A não ser dentro da minha cabeça
Mesmo que seja ela
Quem permite
Que eu me liberte
De nada adianta
Ser livre
Se nada existe
Não gosto tanto
Quanto você diria
Da verdade sob a língua
Dizendo aos olhos
Que tudo pode ser
Que a terra respira
E de seu suspiro
Nasce um filho
Meio planta meio vício
E de seu choro
Um poço
Onde nenhuma moeda
Mesmo aquela
Do desejo mais sentido
Encontra abrigo em seu fundo
E nessa queda
Eterna
Acordo perdido
Sem nunca ter dormido
Não gosto tanto assim
Do suicídio
Mas posso estar mentindo
Everton Behenck - http://apesardoceu.wordpress.com/
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segunda-feira, 5 de abril de 2010
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