domingo, 18 de abril de 2010

VINÍCIUS DE MORAES

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Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.


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2 comentários:

  1. Grande Vinicius!
    A poesia dele sempre me surpreende, me arrebata,
    me fascina!
    Gosto de tudo que ele escreveu!

    Grande abraço!

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  2. Jac.,

    Eu também querida amiga.
    Posso dizer isso apenas dele e de uma outra poeta que me toca profundamente, até quando abre uma janela em abril.

    Com minha admiração, já que é poesia, te abraço.

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