sexta-feira, 23 de abril de 2010

HÉLIO PELLEGRINO

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Viagem às Minas




Cicatrizes.
Matrizes.
Hemoptises.

O sol posto,
no rosto lavrado.
Escalavrado.

A lavra lágrima
decorre, colorada.
O escropo cáustico,
amarrado e amargo em punho cego,
prossegue seu trabalho.

Em vão me pego
na vertente da areia que me sabe.

Eu sou, tu és,
o amplo oceano do céu é uma amplidão parada,
o eterno
roreja tempo na pedra.

Ó tempo eterno
da pedra, fundado e decifrado,
mais que a barca de Pedro, pedra viva
vivendo o seu silêncio — água múrmura.

À luz da tarde
verte seus ecos e mistérios,
nas montanhas tamanhas.

Arde a tarde,
e a tarde arde.
É tarde, é noite, é foice, é antemanhã.
O arco-íris,
suscitado em sua cova, ressuscita.

Lua nova e sol posto
nascem do mesmo estojo.
Pojo.
Bojo.

Sangradouro
de minérios domados.
Esses gados.

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