quinta-feira, 27 de maio de 2010

JAC RIZZO - O anjo torto


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Para um amigo querido, que não
consegue dissipar as brumas
da sua vida.
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Ele queria se levantar, claro que queria.
Mas o peso de suas escolhas, lhe prendiam definitivamente ao chão.
E era um anjo. Um doce e terno anjo.
E sem asas e sem céu e sem poder voar,
não sabia mais o seu lugar.
Vagava na noite por bares sujos e estranhos.
Ao lado, às vezes, de gente que não o conhecia, não o compreendia.

Nos momentos de solidão e vazio insuportáveis, fingia felicidade, se arrastando ao lado de companhias que, sequer por um segundo, poderiam visitar seu mundo.
Mas ele voltava sempre para o seu quarto confuso, onde coisas esquisitas e preciosas, se amontoavam em prateleiras.
Coisas que quando estendia a mão para pegá-las,
desapareciam no fundo buraco negro da sua história.
Ali, de cabeça baixa, entre surpreso e abatido,tentava resgatar a vida que passara.
Mas as lembranças iam e voltavam, desencontradas,
desfocadas pelo tempo.

E era só um anjo que sonhava sozinho.
Que se embriagava todos os dias de sua humanidade.
E assim, sem ombro pra encostar a alma cansada e triste,
chorava os amores que não pudera segurar
e as coisas todas que quebrara.
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...

2 comentários:

  1. Oi, querido amigo!
    Você sempre me dando carinho
    com sua generosidade!
    Que bom que esse anjo torto
    tem feito outras paradas...

    Meu grande e-terno abraço!

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  2. Oi Jac.,

    Minha admiração amiga querida, sempre...

    Te abraço.

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