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BRASILEIRINHO
(Waldir Azevedo/Pereira Costa)
O brasileiro quando é do choro é entusiasmado
Quando cai no samba, não fica abafado
E é um desacato quando chega no salão
Não há quem possa resistir quando o chorinho brasileiro faz sentir
Ainda mais de cavaquinho com um pandeiro
E o violão na marcação
Brasileirinho chegou, a todos encantou, pôs todo mundo a dançar
A noite inteira, no terreiro, até o sol raiar
E quando o baile terminou a turma não se conformou
Brasileirinho abafou
Até um velho que já estava encostado nesse dia se acabou.
Para falar a verdade estava conversando com alguém de respeito
Ao ouvir o grande choro eu dei logo um jeito
E deixei o camarada falando sozinho
Gostei, pulei, dancei, pisei, até me acabei
E nunca mais esquecerei o tal chorinho brasileirinho
(Waldir Azevedo/Pereira Costa)
O brasileiro quando é do choro é entusiasmado
Quando cai no samba, não fica abafado
E é um desacato quando chega no salão
Não há quem possa resistir quando o chorinho brasileiro faz sentir
Ainda mais de cavaquinho com um pandeiro
E o violão na marcação
Brasileirinho chegou, a todos encantou, pôs todo mundo a dançar
A noite inteira, no terreiro, até o sol raiar
E quando o baile terminou a turma não se conformou
Brasileirinho abafou
Até um velho que já estava encostado nesse dia se acabou.
Para falar a verdade estava conversando com alguém de respeito
Ao ouvir o grande choro eu dei logo um jeito
E deixei o camarada falando sozinho
Gostei, pulei, dancei, pisei, até me acabei
E nunca mais esquecerei o tal chorinho brasileirinho
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Então foi assim...
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O samba-choro Botões de Laranjeira, de Pedro Caetano e o choro Brasileirinho, do excepcional cavaquinista e compositor Waldir Azevedo1 têm em comum o fato de haverem sido criados a partir de solicitações infantis.
Botões de Laranjeira é abordada em outro capítulo. Brasileirinho, música obrigatória do repertório chorístico, nasceu de forma bastante curiosa. D. Olinda, esposa de Waldir Azevedo, tinha um primo de nove anos chamado Deoclécio. No Natal de 1944, provavelmente, ele ganhou num concurso promovido pelo jornal A Noite, um cavaquinho de plástico, que se tornou seu brinquedo favorito. Com o uso constante, o instrumento
ficou imprestável, todo quebrado e com apenas uma corda.
Meses depois, num domingo, Deoclécio se encontrava na casa de Waldir com o dito cavaquinho. Conhecedor dos talentos do músico, o garoto pediu para que ele tocasse algo no instrumento. Waldir tentou explicar que não ia conseguir tocar nada num brinquedo quebrado e que o cavaquinho de verdade que ele tinha estava guardado num armário da Rádio Clube. Deoclécio não aceitou a desculpa, protestou cheio de manha, insistindo em ser atendido. Para dar um basta à situação, Waldir pegou o tal cavaquinho das mãos do garoto e arriscou um solo na única corda que lhe restara, repetindo-o diversas vezes, até memorizá-lo.
À noite, quando foi trabalhar, Waldir comentou com os músicos do regional de Dilermando Reis – do qual fazia parte – o que havia lhe ocorrido. E começou a tocar o fragmento melódico. Jorge Santos2, o violonista do conjunto, gostou e foi logo criando uma harmonia no violão para acompanhá-lo.
Mais tarde, em pleno programa Alma do Sertão, apresentado por Renato Murce, na falta de uma das atrações, coube a Dilermando Reis a tarefa de improvisar números musicais sertanejos para cobrir o buraco. Na seqüência, Renato pediu a Dilermando que tocasse algo mais animado. Este alegou que estava com o dedo machucado e passou a bola para Waldir, que se justificou dizendo que não tinha nada preparado para o momento, já que sua função no regional era fazer apenas a base. Com o impasse criado e diante do fato de ser um programa de auditório, ao vivo, Marco Antônio Bernardo3 conta que Dilermando deu um ultimato:
Botões de Laranjeira é abordada em outro capítulo. Brasileirinho, música obrigatória do repertório chorístico, nasceu de forma bastante curiosa. D. Olinda, esposa de Waldir Azevedo, tinha um primo de nove anos chamado Deoclécio. No Natal de 1944, provavelmente, ele ganhou num concurso promovido pelo jornal A Noite, um cavaquinho de plástico, que se tornou seu brinquedo favorito. Com o uso constante, o instrumento
ficou imprestável, todo quebrado e com apenas uma corda.
Meses depois, num domingo, Deoclécio se encontrava na casa de Waldir com o dito cavaquinho. Conhecedor dos talentos do músico, o garoto pediu para que ele tocasse algo no instrumento. Waldir tentou explicar que não ia conseguir tocar nada num brinquedo quebrado e que o cavaquinho de verdade que ele tinha estava guardado num armário da Rádio Clube. Deoclécio não aceitou a desculpa, protestou cheio de manha, insistindo em ser atendido. Para dar um basta à situação, Waldir pegou o tal cavaquinho das mãos do garoto e arriscou um solo na única corda que lhe restara, repetindo-o diversas vezes, até memorizá-lo.
À noite, quando foi trabalhar, Waldir comentou com os músicos do regional de Dilermando Reis – do qual fazia parte – o que havia lhe ocorrido. E começou a tocar o fragmento melódico. Jorge Santos2, o violonista do conjunto, gostou e foi logo criando uma harmonia no violão para acompanhá-lo.
Mais tarde, em pleno programa Alma do Sertão, apresentado por Renato Murce, na falta de uma das atrações, coube a Dilermando Reis a tarefa de improvisar números musicais sertanejos para cobrir o buraco. Na seqüência, Renato pediu a Dilermando que tocasse algo mais animado. Este alegou que estava com o dedo machucado e passou a bola para Waldir, que se justificou dizendo que não tinha nada preparado para o momento, já que sua função no regional era fazer apenas a base. Com o impasse criado e diante do fato de ser um programa de auditório, ao vivo, Marco Antônio Bernardo3 conta que Dilermando deu um ultimato:
“Toca, senão é despedido!”
Não restou alternativa para Waldir senão tocar repetidas vezes a melodia “sem-vergonha” que havia criado pela manhã. A uma nova ordem de Dilermando, Waldir improvisou uma segunda parte com naturalidade surpreendente, levando o público aos aplausos entusiasmados.
Quando o programa chegou ao fim, Dilermando se aproximou de Waldir, elogiou o choro e pediu que ele tocasse de novo. “Mas, como? Eu improvisei aquela porcaria na hora!” retrucou o compositor.
Sorte da musicografia brasileira que o programa foi gravado em acetato. Assim, Waldir pode reaprender o choro e incluí-lo no repertório do regional, batizado por Dilermando como Brasileirinho.
No ano de 1949, ao perder do casting da gravadora Continental o bandolinista Jacob do Bandolim4, Braguinha5, diretor da empresa na época, convidou Waldir para gravar o choro. O convite foi aceito, mas como não botava muita fé, reservou a ele o lado B do 78 RPM, registrando Carioquinha, um choro cadenciado, do lado A. Porém, Brasileirinho surpreendeu e transformou-se no maior sucesso, inclusive do carnaval de 1950 – fato raro para um choro – vendendo milhares de cópias.
Em julho daquele ano, Ademilde Fonseca gravou Brasileirinho (letra de Pereira Costa) com impressionante afinação e rapidez, fato que contribuiu bastante para a consolidação do título de Rainha do Choro Cantado.
O sucesso foi tanto que Waldir Azevedo ganhou uma pequena fortuna de direitos autorais, suficiente para que D. Olinda comprasse um apartamento novo no bairro do Grajaú, no Rio de Janeiro.
1 27/01/1923 Rio de Janeiro-RJ 20/9/1980 São Paulo-SP.
2 Jorge Geraldo do Espírito Santo.
3 Waldir Azevedo: um cavaquinho na história.
4 Jacob Pick Bittencourt.
5 Carlos Alberto Ferreira Braga
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