domingo, 23 de janeiro de 2011

Obrigado Maria


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Obrigado, Maria
Por deixar impregnado
Em minha carne, a tua

Pela maciez da pele
Sentida nas mãos
Todos os dias
Por beijos calados
Na lembrança da boca
- queria tanto mais -

Obrigado, Maria
Pelo alvoroço infantil
Da tua presença
E a sábia lucidez
Cravando-me verdades

Obrigado, Maria
Pelos teus olhos
Pousados da distância
No mais profundo dos meus

Não há destroços na tua ausência
E nem o que consolar
Não conheço o poder
Que dirige os mundos
Nem a tristeza que emana dele
Mas é dela que me visto todos os dias
Para pelo menos por instantes
Tirar enlevo do agora
E suportar a obsessão da angústia

Obrigado, Maria
Pelos intensos e plenos momentos
Em que tentamos
Dirigir nosso mundo possível

Obrigado, Maria
Por não perceber a saudade
Que já existia neles
E por consentir tudo o que
Podia ser coberto com palavras

Não conheço poderosos
Nem tenho um deus
Ou um demônio para aceitar
Ou ser perseguido
Talvez sejam iníquos por natureza
E a eles não interessa a nudez
E o despudor que contém o amor


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MQ
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