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Dá uma quarta de farinha, seu Manco. Ranja prá nóis mode cumê bom lencasa. Das rumação que feiz, cumé mesmo que chama aquele home? Aquele que amuntô na riqueza da viúva do falecido seu Quelé. Esse um mandô nóis saí das terra, caçá rumo. Nóis tamo num provisoro cum os cigano.
No abuso não, no gradecido. Cigano é povo falado, mais num é cumo é falado não, é povo bão, robin daqui e dali, mais coisa poca, coisa que tá no mundo, de quem pegá é. Coisa uma só, nada p’ra riqueza e nem p’ra ridiqueza, seu Manco, mode tal a quarta de farinha que careço e o sôr num há de negá.
Magina, seu Quelé vivo, dexava esse avexo? Inda mais que sempre fui trabaiadô, até a viúva sabe, mais ela num põe cisma no que o um faiz, não. Fica no calado e ele vai lidano do modo. É home ruim, seu Manco, parece de parte com o diabo, magina zangá pur conta dum capado que seu Quelé em vivo, deu. Tava no ponto, sangrei, no tá fazeno a lingüiçada o home viu e ralhô, tomô até os miúdo, xingô um muito, em poco num infrentei ele.
Faca tenho não, seu Manco, canivetinho de fazê, nos em hora, o pito. Pruveita, ranja tamém um dedo de fumo seu Manco, tô no escasso, o sôr põe cobro, evém a lua nova, tiro mel, faço paga dos trem.
Abuso não, semo de lida, sirviço que o sôr tivé faço. Qué rumá a cerca dos fundo? Corto pau no mato, lavradinho, sôr põe linha, tira o prumo, cerco tudo no jeito. Agrego na paga duns trem.
Tenho queixa não seu Manco, em lá ficou o cujo, mais a vida vai viveno, nele e neu, e se ele é o próprio coisa num resto prele, não. Careço é de rumá aprumo logo, fazê uns cobrim, achá um lugá longe e devotá à Nossa Senhora de altar.
Aqui? O padre num dexa nem i’eu entrá na igreja, repara d´eu tá lá cum os cigano, põe zanga iqual o um, tamém é dono, né.
Fôr priciso faço de pau, lavro manto e tudo, capelinha faço, ponho no rancho, devoto. Quero vê! Arremedo, iscundido, a capelinha da casa de seu Quelé. Sô bôbo não! Pode fiá seu Manco. Já quais sei fazê muita coisa, largo fiado p’ro sôr não.
Pode fiá na garantia da palavra, do céu Nossa Senhora vai pôr zêlo pr’eu saí da pricissão.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011
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