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BASTANTE
(Zé Luiz Mazziotti/Sérgio Natureza)
Não havia nada além da réstia de sol
Noite apagada e a madrugada ao redor
Mas a luz que anunciava
A manhã alaranjada
Já bastava pra eu te enxergar melhor
Não havia nada
Além da flor no lençol
Rosa amassada pelo corpo e o cobertor
Mas a luz que se infiltrava
Pelas frestas da vidraça
Já bastava pra eu te decorar melhor
E eu te retoquei com as tintas da emoção
Num estilo que eu criei, nem sei
Com o coração
Foi aí que eu descobri que ali
Na mesma cama em que eu dormi
Dormindo e ainda sonhando estava o amor
Não havia nada além da réstia de sol
Noite acordada
Uma balada em tom maior
Mas a luz que irradiava
Tua estampa ali deitada
Já bastava pra eu saber te amar melhor
(Zé Luiz Mazziotti/Sérgio Natureza)
Não havia nada além da réstia de sol
Noite apagada e a madrugada ao redor
Mas a luz que anunciava
A manhã alaranjada
Já bastava pra eu te enxergar melhor
Não havia nada
Além da flor no lençol
Rosa amassada pelo corpo e o cobertor
Mas a luz que se infiltrava
Pelas frestas da vidraça
Já bastava pra eu te decorar melhor
E eu te retoquei com as tintas da emoção
Num estilo que eu criei, nem sei
Com o coração
Foi aí que eu descobri que ali
Na mesma cama em que eu dormi
Dormindo e ainda sonhando estava o amor
Não havia nada além da réstia de sol
Noite acordada
Uma balada em tom maior
Mas a luz que irradiava
Tua estampa ali deitada
Já bastava pra eu saber te amar melhor
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Então, foi assim...
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Zé Luiz Mazziotti1, uma das vozes masculinas mais bonitas do Brasil – e um dos intérpretes mais requisitados – quando chega ao final de seus shows, depois de haver cantado 17, 18 músicas, uma hora e meia com aquele vozeirão, a platéia impiedosamente exige em coro: “Canta bastante, canta bastante...” Ele, amorosa e invariavelmente, sempre atende. Canta mais uma, o público aplaude calorosamente e sai satisfeito, renovado de emoções.
Para quem está indo pela primeira vez assistir a um show de Zé Luiz e não conhece suas músicas, isso é muito esquisito. O público pede ‘bastante’, e ele canta apenas uma e todos saem felizes.
É que Bastante é o nome de sua música mais bonita, provavelmente a de maior importância na carreira de compositor e intérprete.
Mazziotti conta que fez Bastante em 1978, quando tinha 30 anos de idade, em homenagem a uma pessoa muito especial na vida dele, a tia Mariinha. “Ela é a irmã mais velha e madrinha de batismo da mamãe. E a mamãe sempre a chamou de senhora, apesar da pouca diferença de idade. Tia Mariinha não teve filhos. E desde que nasci ela tem uma relação de carinho especial comigo, como se eu fosse filho dela. Era aquela tia que dava dinheirinho quando eu ia passar férias na casa dela e todas as férias eu queria ir para Marília (SP) para ficar com ela. O meu sonho era, depois de trabalhar o ano inteiro, passar 20 dias de férias, eu, meu pai, minha mãe e a tia Mariinha. A gente ia para o sítio do meu tio, em Campos Novos Paulista. A gente escolhia uma época que não ia ninguém pra lá e íamos nós quatro. Eu levava sempre o violão e numa dessas vezes, ela estava meio doentinha, eu pensei: ‘Tenho que fazer uma música pra tia Mariinha, que é o que eu sei fazer. Uma música pensando nesse amor que eu tenho por ela, nesse carinho, porque ela é uma pessoa realmente especial pra toda a família’. Ela parecia uma santa com aquela pureza, muito inteligente, muito perspicaz, que brincava muito comigo, falava umas bobagenzinhas, mas era amor puro... Nessa noite eu fiquei na varanda da casa, que era bem roça, não tinha nada. Aí eu peguei o violão e saiu essa melodia do Bastante. E fiquei repetindo até não ter a possibilidade de esquecer.”2
O paulista Zé Luiz, que morava no Rio de Janeiro na época, ao retornar das férias procurou pelo parceiro Sérgio Natureza3, para que ele pusesse uma letra na melodia. “Nem contei nada pra ele ou talvez tenha contado sobre a Tia Mariinha. E ele, com a melodia, criou essa letra que fala de réstia de Sol... Pra mim é muito linda, fala de uma pessoa que é amor puro.”
Bastante foi gravada duas vezes por Zé Luiz Mazziotti: em 1979, no LP Zé Luiz com arranjo do Dori Caymmi, lançado pela Continental; e em 1995, no CD Zé Luiz Mazziotti, lançado pela Perfil Musical, após seu retorno de Paris (França), onde morou durante 10 anos, esta com arranjo de guitarra de Marcus Teixeira. A cantora Rosa Maria também a gravou, em 1984, no CD Cristal, lançado pela Pointer. A parceria com Natureza rendeu outros frutos: Amor de Ofício, Pelo Menos e Sinais.
Zé Luiz conta ainda que é comum alguns músicos solicitarem a cifra de Bastante por e-mail ou pelo Orkut, alegando que querem aprender porque os clientes dos bares pedem, principalmente músicos do Rio, São Paulo e Brasília. “É a música mais especial que eu tenho na minha vida. Inclusive nos shows as pessoas pedem bis, eu canto e elas cantam comigo.”
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1 José Luiz Mazziotti 11/10/1948 Rio Claro-SP.
2 Entrevista concedida ao autor, em janeiro de 2007, em Brasília.
3 Sérgio Roberto Ferreira Varela 13/01/1947 Rio de Janeiro-RJ
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Ruy Godinho
Para quem está indo pela primeira vez assistir a um show de Zé Luiz e não conhece suas músicas, isso é muito esquisito. O público pede ‘bastante’, e ele canta apenas uma e todos saem felizes.
É que Bastante é o nome de sua música mais bonita, provavelmente a de maior importância na carreira de compositor e intérprete.
Mazziotti conta que fez Bastante em 1978, quando tinha 30 anos de idade, em homenagem a uma pessoa muito especial na vida dele, a tia Mariinha. “Ela é a irmã mais velha e madrinha de batismo da mamãe. E a mamãe sempre a chamou de senhora, apesar da pouca diferença de idade. Tia Mariinha não teve filhos. E desde que nasci ela tem uma relação de carinho especial comigo, como se eu fosse filho dela. Era aquela tia que dava dinheirinho quando eu ia passar férias na casa dela e todas as férias eu queria ir para Marília (SP) para ficar com ela. O meu sonho era, depois de trabalhar o ano inteiro, passar 20 dias de férias, eu, meu pai, minha mãe e a tia Mariinha. A gente ia para o sítio do meu tio, em Campos Novos Paulista. A gente escolhia uma época que não ia ninguém pra lá e íamos nós quatro. Eu levava sempre o violão e numa dessas vezes, ela estava meio doentinha, eu pensei: ‘Tenho que fazer uma música pra tia Mariinha, que é o que eu sei fazer. Uma música pensando nesse amor que eu tenho por ela, nesse carinho, porque ela é uma pessoa realmente especial pra toda a família’. Ela parecia uma santa com aquela pureza, muito inteligente, muito perspicaz, que brincava muito comigo, falava umas bobagenzinhas, mas era amor puro... Nessa noite eu fiquei na varanda da casa, que era bem roça, não tinha nada. Aí eu peguei o violão e saiu essa melodia do Bastante. E fiquei repetindo até não ter a possibilidade de esquecer.”2
O paulista Zé Luiz, que morava no Rio de Janeiro na época, ao retornar das férias procurou pelo parceiro Sérgio Natureza3, para que ele pusesse uma letra na melodia. “Nem contei nada pra ele ou talvez tenha contado sobre a Tia Mariinha. E ele, com a melodia, criou essa letra que fala de réstia de Sol... Pra mim é muito linda, fala de uma pessoa que é amor puro.”
Bastante foi gravada duas vezes por Zé Luiz Mazziotti: em 1979, no LP Zé Luiz com arranjo do Dori Caymmi, lançado pela Continental; e em 1995, no CD Zé Luiz Mazziotti, lançado pela Perfil Musical, após seu retorno de Paris (França), onde morou durante 10 anos, esta com arranjo de guitarra de Marcus Teixeira. A cantora Rosa Maria também a gravou, em 1984, no CD Cristal, lançado pela Pointer. A parceria com Natureza rendeu outros frutos: Amor de Ofício, Pelo Menos e Sinais.
Zé Luiz conta ainda que é comum alguns músicos solicitarem a cifra de Bastante por e-mail ou pelo Orkut, alegando que querem aprender porque os clientes dos bares pedem, principalmente músicos do Rio, São Paulo e Brasília. “É a música mais especial que eu tenho na minha vida. Inclusive nos shows as pessoas pedem bis, eu canto e elas cantam comigo.”
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1 José Luiz Mazziotti 11/10/1948 Rio Claro-SP.
2 Entrevista concedida ao autor, em janeiro de 2007, em Brasília.
3 Sérgio Roberto Ferreira Varela 13/01/1947 Rio de Janeiro-RJ
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Ruy Godinho
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