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pedro viriano e joão mutaba
sérgio souto / joãozinho gomes / marcos quinan
tudo por fazer
na terra nova encontrada aqui
tudo por entender
do braço índio nascido aqui
vida viva de vencidos e vencedores
vivendo livre
sobejando aqui
encontro das culpas seculares
aprendidas de joelhos
e mãos postas em armas
com a vida viva nascida aqui
declamação:
contrição e a rubra mordaça
desnudada nas batinas
entalhes lúbricos resultados sem lavor
traço negro trazido à força
para empenho e labor
vida viva mutilada da altivez
restada nos porões pútridos do estanco
manumissão de libertos juntos
calados e misturados
às conquistas que o deszelo
cobriu com hipocrisia
sobrepondo lenitivo à vida
do braço índio cativado aqui
do braço negro exilado aqui
do braço branco renascendo aqui
verdade mestiça de dores
esparramadas em subserviência
findando no descaso com a terra
que se fingiu descobrir
o gentio se misturando mesmo curvado
quimeras prenunciando salvação
imitando de mão em mão um deus um rei
mas sonhos podem ter as mãos
quando ganham os espertos com seus grilhões
mas sonhos podem ter as mãos
quando tocam a verdade nos sonhos
de outras mãos e somam a escolha da liberdade
de mão em mão
óbolos de fel que põem solenemente acima
falsos e vazios circunspectos sujigando
em leis que moem e subtraem apenas
estugando o ódio nas entranhas
da morte em cal sangue e fezes
embriagados na loucura dos boticários
punindo em vão segregando o respeito
dor, adornada de dor adonando todos
desencadeando vala comum e rasa do penacova
valimento dos restos de menos valia
rompâncias e sujeição assomados nas ruas
iniquidade torturando calma e silêncios
no ecôo da concertina no sibilo das balas
polução na calma da noite na soberba das alforrias
cordura com os atos exéquias pequenas e tristes
nos arrabaldes do sonho mourejados só com a vida
cabedal que se doa com zelo sem datação
ressôo de bombardino sibilo das ordens
entrando pelas gelosias das janelas abandonadas
pelos senhores intolerantes
sobrecarga da ira no gentio apartado
vagando erradio pelos mocambos
deixando rastos imperceptíveis
nos bivaques e caminhos
no negro amolegado pela chibata
homiziado nas quilombolas
no branco tocado pela liberdade sem laços
rompendo desígnio
detração pelos adros e palácios como vômito
no linóleo impregnado
o esgar dos brasões enrijecendo a verdade
pelas ruas e caminhos espalhando vontade
o gesto lesto esmiuçando os arredores
até o suburgo na beira do rio
onde folga homens embaixo dum pau copado
deslindando seu relato parte por parte
para entender melhor o dédalo das leis promulgadas
postergando e emudecendo o ventre tenro
onde a liberdade queria nascer
só a memória espalhava
calor de luta no peito
pólvora no rosto marcava
a palavra armada de feito
e a lembrança deixava
sem mistério o seu jeito
anil-trepador entalhava
como se mãos fossem letras
misturaram os caminhos
confluindo o sonho o destino
montaram naquelas águas
defluentes do mesmo alinho
o grito que punham nos fatos
devagar se escrevia em silêncio
orgulho na voz dos mortos
plantando a cura no tempo
ê abaribó... ê abaribó...
sê abaribó... sê abaribó...
ê, ê, ê abaribó...
ê abaribó... ê abaribó...
sê abaribó... sê abaribó...
ê, ê, ê abaribó...
voz e violão: sérgio souto
sérgio souto / joãozinho gomes / marcos quinan
tudo por fazer
na terra nova encontrada aqui
tudo por entender
do braço índio nascido aqui
vida viva de vencidos e vencedores
vivendo livre
sobejando aqui
encontro das culpas seculares
aprendidas de joelhos
e mãos postas em armas
com a vida viva nascida aqui
declamação:
contrição e a rubra mordaça
desnudada nas batinas
entalhes lúbricos resultados sem lavor
traço negro trazido à força
para empenho e labor
vida viva mutilada da altivez
restada nos porões pútridos do estanco
manumissão de libertos juntos
calados e misturados
às conquistas que o deszelo
cobriu com hipocrisia
sobrepondo lenitivo à vida
do braço índio cativado aqui
do braço negro exilado aqui
do braço branco renascendo aqui
verdade mestiça de dores
esparramadas em subserviência
findando no descaso com a terra
que se fingiu descobrir
o gentio se misturando mesmo curvado
quimeras prenunciando salvação
imitando de mão em mão um deus um rei
mas sonhos podem ter as mãos
quando ganham os espertos com seus grilhões
mas sonhos podem ter as mãos
quando tocam a verdade nos sonhos
de outras mãos e somam a escolha da liberdade
de mão em mão
óbolos de fel que põem solenemente acima
falsos e vazios circunspectos sujigando
em leis que moem e subtraem apenas
estugando o ódio nas entranhas
da morte em cal sangue e fezes
embriagados na loucura dos boticários
punindo em vão segregando o respeito
dor, adornada de dor adonando todos
desencadeando vala comum e rasa do penacova
valimento dos restos de menos valia
rompâncias e sujeição assomados nas ruas
iniquidade torturando calma e silêncios
no ecôo da concertina no sibilo das balas
polução na calma da noite na soberba das alforrias
cordura com os atos exéquias pequenas e tristes
nos arrabaldes do sonho mourejados só com a vida
cabedal que se doa com zelo sem datação
ressôo de bombardino sibilo das ordens
entrando pelas gelosias das janelas abandonadas
pelos senhores intolerantes
sobrecarga da ira no gentio apartado
vagando erradio pelos mocambos
deixando rastos imperceptíveis
nos bivaques e caminhos
no negro amolegado pela chibata
homiziado nas quilombolas
no branco tocado pela liberdade sem laços
rompendo desígnio
detração pelos adros e palácios como vômito
no linóleo impregnado
o esgar dos brasões enrijecendo a verdade
pelas ruas e caminhos espalhando vontade
o gesto lesto esmiuçando os arredores
até o suburgo na beira do rio
onde folga homens embaixo dum pau copado
deslindando seu relato parte por parte
para entender melhor o dédalo das leis promulgadas
postergando e emudecendo o ventre tenro
onde a liberdade queria nascer
só a memória espalhava
calor de luta no peito
pólvora no rosto marcava
a palavra armada de feito
e a lembrança deixava
sem mistério o seu jeito
anil-trepador entalhava
como se mãos fossem letras
misturaram os caminhos
confluindo o sonho o destino
montaram naquelas águas
defluentes do mesmo alinho
o grito que punham nos fatos
devagar se escrevia em silêncio
orgulho na voz dos mortos
plantando a cura no tempo
ê abaribó... ê abaribó...
sê abaribó... sê abaribó...
ê, ê, ê abaribó...
ê abaribó... ê abaribó...
sê abaribó... sê abaribó...
ê, ê, ê abaribó...
voz e violão: sérgio souto
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