quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

(A) PAGA (DOR) - Marisa (a)Penas

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Desatando adereços ...

escancarando a angustia ao mesmo tempo em que a domina, dando impressão só de coadjuvância. com a coragem de se projetar em volta e dentro de si mesma, de sentir na poesia o cotidiano amoroso sobrepondo seus momentos de mel e fel, desatados amorosamente

... desfazendo desacertos ...

trançando no dia a dia das lembranças; o gesto insaciável das possibilidades como ato de equilíbrio; a paixão e seus abismos, verdadeira reflexão do ser

... desmanchando desavenças ...

no trabalho poético com estética própria, espaçado na precisão e na simplicidade - maior forma de tamanho –, na liberdade, imagens, sentimentos e sonhos que fazem parecer tirar do nada, verdades necessárias e o mais real

... desprezando umas crenças ...

sem deixar de propender para os mistérios que nos freqüentam nem perder a percepção da existência e a consciência da solidariedade como dogma da pessoa.
perdas como vivência e por isso encantamento, evolução... jeito de ir

... descartando claridade ...

para, com esperança, costurar o desalento, a mágoa e a nostalgia
na saudade e nos fios de melancolia que carrega com pertencimento, como despojos

... despedindo a vaidade ...

da vida das palavras que dizem o que a poeta quer dizer, processo deserto e límpido ao mesmo tempo, têmpera tirada da substância pessoal e da incontida vontade de ser maior ou melhor ser.


e ir

... despencando do começo ...

da existência apregoada pelo bendito dom da poesia e iluminada pelo merecimento do ser que é.

D E S A P A R E Ç O ...

e a poesia que, inconformada e por isso fiel a descobertas, empresta acordes à vida e ao que invisível está encartado na força da poetiza que percebo emocionado.


é assim que desaparecendo, marisa apenas aparece.


marcos quinan



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