.
- Soçobro de rompê essa légua no passo lento. Duas junta. Teimosia de seu Eulálio, magina querê que tocasse os animá no vagar, sem afobo, mais querê tamém que andasse ligero, cum coisa que ia adiantá muito chegá antes do armoço, sei do afobamento dele, entrante o mêis de coiê, mais sei tamém da preguiça de Damin mais Nestor em lidá com o que fosse em meio de manhã. Essa hora pr’eles é de esperá Mazinha chamá prá cumê.
- Andá em recumendo de patrão nem ataio posso fazê por dentro das terra do Sapindó. Recumendô pr’eu pará nus cubertão de mato prá descanso dos animá, nos prazo, de hora em hora. Ê lida! Envou nesse mole... lerdera. E se os boi amuntá no barranco? Mania essa de seu Eulálio tocá boi cum canga, só prá omentá o sirviço, fosse ele o boi, ia vê.
- Nem mei de caminho ainda, diacho, mormaço cansa mais nesse andá lerdo. Quando chegá, banho no poço, armoço e me deito todinho no paiol.
- Que é isso, meu boi? Serena a brabeza, vem cá, meu boi, êi, êi ...
Nessa hora, no tanger as duas juntas, amarradas uma na outra, subiram no barranco, Felício desgovernou o corpo amolecendo o equilíbrio, jogando cavalo, cavaleiro e os bois encangados na grota coberta pelo mato fechado. Ao cair, a barrigueira do arreio rebentou ficando o pé de Felício enganchado no estribo, enlaçado pelos pedaços, misturado com os galhos e cipós daquela beira. De cabeça para baixo, pendurado, tentando se erguer, Felício via a agonia dos animais, mal cabendo no buraco, sem ter por onde sair. Procurava um jeito de erguer a cabeça, já não agüentando a posição. Não tinha como cortar o estribo, a faca, com o tombo, caiu da bainha. No braço e no rosto uma ardência que mal deixava ele pensar, como que paralisado, rezava para São Jorge.
- Meu Santo cavalero, ajuda i’eu.
Nem bem acabou de invocar o santo, ouviu um barulho de mato e viu aquele homem com a espingarda na mão e o cachorro cheirando tudo ao redor.
- Precisa de ajuda?
- Sim, tira i’eu daqui que envou caíno... o sôr chega naquele pau faiz firmeza com uma mão e me dá a otra. Vou ficá no gradecido, seu moço.
Ajudado, Felício conseguiu com muita dificuldade retirar os animais da grota para seguir viagem. Agradeceu ao caçador e depois de explicar como aconteceu aquela situação pôs os animais para andar. Já na distância, agradeceu ao santo em pensamento.
- Obrigado São, Jorge.
O estranho respondeu, gritando de longe.
- De nada, seu moço.
Leia a obra completa aqui: http://sertaodosaomarcos.blogspot.com/
.
domingo, 4 de setembro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário