segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

ANGÉLICA TÔRRES - Desesperança

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ANGÉLICA TÔRRES
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Desesperança

Ele chega. Lê meus poemas.
Flerta meus livros
e discos como se
me tirando a roupa,
olhando meu corpo
detalhada
e suavemente

Acossada, excitada
erro em tudo o que faço.
Desato laços poéticos,
patético.
Represento um papel
em que minha assinatura
não parece fiel nem meu texto
o mais puro e o mais próximo
da nudez singela do sertão

Ele pensa que possui essa alma
nua. Ela sonha possuí-lo nu
e alma.
Mas o enredo concreto
transpassa em silêncio.
E o tempo passa
na ponta de um imenso lápis
riscando o calendário
dia após dia
de vento
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Um comentário:

  1. Esse poema continua na minha lista de favoritos mesmo depois de terminar de ler toda a obra de Mário Quintana, meu poeta predileto. Simplesmente fantástico. Parabéns, Angélica Torres. Depois de você, ando lendo todas as publicações da parte POEMAS do caderno divirta-se do Correio Brasiliense, e graças a você percebi que não preciso ir muito longe pra encontrar o que há de melhor na literatura brasileira.

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