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Casas fechadas esfriam...
E é um frio cavado e profundo. Daí a necessidade impreterível de se abrir as janelas. Quando ela fazia isso, ar genuíno e casto volteava e percorria caminho.
Ela esperava com premência e gravidade ele chegar. Ficava horas mirando através das janelas, agora escancaradas. Era do tipo que não acreditava em milagres, mas os observava à distância com algum fulgor e admiração.
E ele chegava. Com sobrancelhas enigmáticas, testa histórica e sorriso continente.
Os olhos dela, por sua vez, eram mornos, a boca curvada, os braços em languidez quase ensaiada.
Era pedaço de tempo onírico.
Ela insistia em ser sonhada. Ele insistia no sonho. Cumplicidade delicada e intensa.
Ele proferia palavras cromáticas; ela tinha ouvidos de lápis-de-cor...
Camila Carrari - http://comodasecreta.blogspot.com/ .
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sexta-feira, 1 de abril de 2011
CAMILA CARRARI - Do abrir de janelas
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