quarta-feira, 19 de outubro de 2011

CHIQUINHA GONZAGA

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Chiquinha Gonzaga ao alcance dos dedos




Pioneira

Mais de 300 partituras poderão ser acessadas pelo público na Internet
Pela primeira vez, o público e toda a comunidade da música no Brasil e no mundo vai ter acesso a mais de 300 partituras revisadas e digitalizadas, disponibilizadas no site www.chiquinhagonzaga.com.br dedicado à obra de Chiquinha Gonzaga. Mais do que um tributo, trata-se de um resgate da história e da obra, dessa que talvez seja a compositora mais importante da música brasileira.


Idealizado pelos pianistas Alexandre Dias e Wandrei Braga o Acervo Digital Chiquinha Gonzaga abriga a obra fundamental de Chiquinha Gonzaga para piano solo, e canto e piano e outras formações. Chiquinha está entre os compositores mais prolíficos de seu tempo. Há ainda centenas de músicas, compostas para peças teatrais, que provavelmente serão contempladas num desdobramento do projeto.


Alexandre e Wandrei se inspiraram num projeto similar que gerou o site dedicado à vida e à obra de Ernesto Nazareth, e que também foi patrocinado pelo Natura Musical. Assim como o site de Nazareth, o www.chiquinhagonzaga.com.br terá acesso gratuito para qualquer pessoa no mundo.


O projeto conta ainda com recitais de lançamento no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo e oficinas com arranjos criados especialmente para a Coleção Alma Brasileira em parceria com a Escola Portátil de Música, além de uma apresentação em torno desse repertório com os professores e alunos da EPM.


A PESQUISA


A partir de uma lista elaborada pela biógrafa de Chiquinha, a escritora Edinha Diniz, foi feito um catálogo atualizado das obras da compositora. As alterações em relação ao catálogo que existia até então foram muitas e envolvem desde as "músicas sinônimas", ou seja, músicas que embora possuam títulos diferentes têm o mesmo conteúdo musical, fato comum e recorrente na obra de Chiquinha, até partituras totalmente inéditas, de músicas jamais publicadas ou gravadas.


Durante mais de três anos, Alexandre e Wandrei garimparam partituras em diversas fontes, como admiradores, pesquisadores, acervos de bibliotecas e colecionadores. O resultado foi um salto considerável, de aproximadamente 12 músicas (ínfimos 5%) que estavam disponíveis comercialmente, para mais de 300 partituras, quase 100% da obra de Chiquinha à disposição gratuitamente (com exceção das músicas que compõem a integral para as peças teatrais). Pode-se constatar a versatilidade de Chiquinha pela variedade de ritmos e gêneros presentes em seu trabalho. São choros, valsas, tangos brasileiros, canções, polcas, fados, habaneras, romances, duetos, baladas, marchas, peças sacras, serenatas, barcarolas, modinhas, gavotas, mazurcas e dobrados. Cada música será disponibilizada em sua versão original e versão cifrada, para contemplar músicos de todas as esferas, acompanhadas de notas informativas escritas pela biógrafa de Chiquinha, Edinha Diniz exclusivamente para o Acervo Digital. Além disso, também vão estar no site todas as letras das canções de Chiquinha Gonzaga, nunca antes publicadas.


Inicialmente, as partituras foram transcritas para um programa de editoração musical. Depois disso, cada uma delas passou por uma revisão minuciosa com base nos manuscritos originais e primeiras edições pesquisadas no Instituto Moreila Salles, parceiro e atual detentor do acervo. Edinha Diniz, outra parceira do projeto, criou notas exclusivas para descrever cada uma das peças. Além de um texto biográfico redigido especialmente para o site.


Para finalizar, todo esse material recebeu um tratamento da equipe de design que elaborou o projeto visual que inclui capa e contracapa personalizadas para cada uma das composições.


Estão previstos recitais abertos ao público, com os coordenadores do projeto, Alexandre Dias e Wandrei Braga, que acontecem nos meses de outubro e novembro no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. Além dos recitais, também estão previstas Oficinas no Rio em parceria com a Escola Portátil de Música, num mês dedicado a Chiquinha Gonzaga. A escola vai realizar quatro oficinas de diversos instrumentos, para cerca de seus 900 alunos, que vão trabalhar exclusivamente músicas da compositora. Nos dias 15 e 22 de outubro, dois sábados, serão apresentados ao público os resultados dessas oficinas, com entrada franca. Além disso, no dia 17 de outubro, aniversário de Chiquinha, professores da EPM farão uma apresentação na comunidade do Pavão-Pavãozinho, com arranjos especialmente feitos para a ocasião.


SOBRE CHIQUINHA


Francisca Edwiges Neves Gonzaga nasceu em 17 de outubro de 1847, no Rio de Janeiro. Chiquinha Gonzaga era compositora, instrumentista, regente. Maior personalidade feminina da história da música popular brasileira, primeira maestrina, autora da primeira canção carnavalesca, primeira pianista de choro, introdutora da música popular nos salões elegantes, fundadora da primeira sociedade protetora dos direitos autorais.


Aos 11 anos compôs sua primeira música, uma cantiga de Natal: "Canção dos Pastores". Casou-se aos 16 anos, com um oficial da Marinha Mercante escolhido por seus pais, que abandonou poucos anos depois por um engenheiro de estradas de ferro, de quem também logo se separou. Passou a sobreviver como professora de piano. A convite do famoso flautista Joaquim Antônio da Silva Callado (1848-1880), passou a integrar o Choro Carioca como pianista, tocar em festas e frequentar o ambiente artístico da época. A estreia como compositora foi em 1877, com a polca "Atraente".


Sua vontade de musicar para teatro levou-a a escrever partitura para um libreto de Artur Azevedo, "Viagem ao Parnaso". A peça foi recusada, assim como outras tentativas também fracassaram, até que em 1885 musicou a opereta de costumes "A Corte na Roça", encenada no Teatro Príncipe Imperial. Em 1889 promoveu e regeu, no Teatro São Pedro de Alcântara, um concerto de violões, instrumento então estigmatizado. Foi uma ativa participante do movimento pela abolição da escravatura, vendendo suas partituras para angariar fundos para a Confederação Libertadora. Com o dinheiro arrecadado na venda de suas músicas comprou a alforria de José Flauta, um escravo músico.


Chiquinha Gonzaga também participou da campanha republicana e de outras grandes causas sociais do seu tempo. Já era uma artista consagrada quando compôs, em 1899, a primeira marcha-rancho, "Ó Abre Alas", verdadeiro hino do carnaval brasileiro. Na primeira década deste século esteve algumas vezes na Europa, fixando residência em Lisboa por três anos.


De volta ao Brasil deu uma contribuição decisiva ao teatro popular ao musicar, em 1912, a burleta de costumes cariocas "Forrobodó", seu maior sucesso teatral. Em 1914 seu tango "Corta-Jaca" foi executado pela primeira-dama do país, Nair de Teffé, em recepção oficial no Palácio do Catete, causando escândalo político. Em setembro de 1917, após anos de campanha, liderou a fundação da SBAT, sociedade pioneira na arrecadação e proteção dos direitos autorais.


Aos 85 anos de idade escreveu a última partitura, "Maria", com libreto de Viriato Corrêa. Chiquinha Gonzaga faleceu aos 87 anos de idade, no dia 28 de fevereiro de 1935, no Rio de Janeiro. (Via O Liberal)


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