quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

RONALDO FRANCO - Bar do Parque


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BAR DO PARQUE



Sem portas
não fecha
o concerto de gargalhadas
nem cala
a liberdade.

Não algema
mãos delicadas
nem tranca
a escandalosa saudade.

Sem janelas...
porque o adeus na noite
é obsceno
em desamparados olhares.

O teto
são cabeças distantes
e o cio de estrelas
da terra.

O chão:
- a existência
do céu inventado
e o inferno do rim
(no mijo das palavras).

É assim o bar
do par que exibe
as bocas naufragadas
entre copos e garrafas
(sobre o lixo da escuridão)
- como um outdoor do tédio!

-.(...Esse par que
no barco bêbedo
dentro do mar invisível
quebra-se
nas calçadas do sol...).

O bar não fecha a poesia:
não tem portas a noite
nem janelas o dia.

O bar é par do impossível
que amanhece ímpar



Ronaldo Franco

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Um comentário:

  1. Agradeço a publicação de meu poeminha, amigo Quinan. Sua delicadeza e atenção > com esse véio poeta/aprendiz > comove-me. Obrigadíssimo!

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