quinta-feira, 26 de abril de 2012

Nascimentos

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Quando tua boca vadia me percorre
Macia, molhada, sedutora
Um deus nasce em volta
Sem saber se explicar
Tão sem rumo o coitado
Nem sabe pra onde olhar


Se as mãos, se permitindo
Se os olhos, vazios de medo e dor
Ou se o arrebatamento
De dois corpos em um só


Implora, quer a beleza
E a liturgia da intensidade
Que seu credo quer negar


Prepara tanta razão
Para o silêncio desmanchar
Que finge até segredos
Mentindo para vendar


Quando teu desejo sem pudor me envolve
Lânguido, libertário, sedutor
Nasce dentro da minha carne
O ser sem deus que é o deus da tua carne




MQ

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2 comentários:

  1. Lindo, viu!
    E não são versos ateus nem pagãos.
    São de pura celebração!
    E os 'deuses' só podem estar de acordo!

    Abraço.

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