domingo, 6 de março de 2016

Mistura de raças - mq


 

Estava ali sozinho, viera a pé para espairecer, gostava de andar naquele pedaço da cidade.

Chegou, estava começando; falou com o escritor que dava autógrafo, pegou o seu. Falou com alguns amigos, tomou café, folheou alguns livros, conversou com uma amiga que chegava, conheceu duas ou três pessoas novas e já ia começar a se despedir quando se sentiu estranho, uma pequena tonteira, um embaçar das vistas. Por segundos as luzes se apagavam e reacendiam lentamente, alternavam cores e, em momentos, pareciam ter um brilho muito intenso.

Imaginou-se desmaiando e procurou aproximar-se de uma amiga. Pálido, avisou que estava passando mal, estava sem carro e que, qualquer coisa, o levasse a um hospital. Ela, preocupada, constatou a palidez; tocou sua testa, chamou uma pessoa que ele não conseguiu identificar, não enxergava mais.

Rapidamente deitaram-no no chão, trouxeram-lhe água; juntaram-se curiosos e a médica fez perguntas que ele nem ouvia direito.

Um carro já estava colocado em posição de levá-lo, quando a médica, rindo muito, pediu para trazerem um copo de vinho.

Voltou para casa sozinho pelo mesmo caminho, chutando pedras, envergonhado e xingando o arquiteto que planejou a iluminação do espaço cultural alternando as cores e a intensidade com que eram trocadas, para simbolizar a mistura das raças.

 
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