quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Despedida - mq


 

Disso me encarrego, dos teus sapatos, da lógica dos teus vestidos, dos pequenos acertos – de lembrar, de esquecer, de guardar.

Não misturo minhas mãos a tapas e agressões, meu egoísmo é solidário e solitário – o tempo não pode voltar.

Vai que haverá ainda muitas noites de luar, pisa neles, posa neles – deslumbras.

Meu caminho nunca se acabará, não tenho destino, o que me ungiu foi dor de mundo – nada acalmará.

Disso me encarrego, do teu sentimento, da mágica de algum momento, de não te esquecer – minha estatura.

Não misturo o que não pondero, um poeta pode dizer minhas palavras e ser em vão – desacato e sei desatar o azar.

Vai que é vida, o mundo escolhe e se deixa escolher, a sede de algum ponto de vista, está na água – nasça na sua viagem.

Meu rosário é desigual, contém todos os erros que são o meu jeito também, contém o direito pertinente de tê-los – meus algozes.

Disso me encarrego, da mentira das mãos, do que não era preciso, e da urgência de algum olhar; me encarrego do silêncio – maior palavra.

Não misturo o que me deste com o que fizeste calar, subestimaste minha hora e a obra-prima que foram os instantes - amarga boca.

Vai, a cena é tua, freqüenta o perigo de ser feliz, a necessidade do teu corpo poderia ser o meu e a dele o teu, era tempo ainda, mas deixa a tristeza do nosso amor no silêncio – bebo a falta.

Esse é meu tanto de mágoa transposto para o amor que carrego – tanto e tão pouco.

 
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