terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Chapada do São Marcos - MQ


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Chapada do São Marcos

bera do Ri do Braço

Vai Vem é afruente

entre águas

entre rios

meio de cerrado

onde avoa codorna

e ispanto perdiz nos passo

 

na porta da casa

bambuzá parceiro de vento cantadô

na porta da casa tamém

um pau frondoso

que cumula sombra nos embaxo

as foia sôrta antes da frorada

e arcochoa a sombra

pr’eu deitá cum meu amô

se cai fror durmida

nóis panha e se prefuma

se cai diurna

nóis se farta de cheiro que nem beija-fror

 

teno tropa prá tocá

nóis vai no passo manso

mode num cansá animá

mode tê paga boa

corda cedo

dia sem raiá

móia os pé no sereno

prá animá incontrá

no pasto pequeno

nóis campeia eles

traiz, arreia e vai gado buscá

Istimosa, Paridera, Esperança, Lambari ...

 

às veiz nóis passa no vau

céu vermeio parino o sol

merenda já tá cherano

o corpo recrama sustança

nóis tira o leite

aparta o gado

e atende o corpo cum zelo

 

pur pricisão às veiz

nóis mata um capado já chei de ingorda

aí é festança

nóis sangra ele antes da lida do gado

mode as muié aprepará

a limpança, o discarne, o retaio

fazê a lingüiçada e as armôndega

 

se truveja nas cabicera do Braço

nóis fica preparado

água do ri vai lambê as berada

e favorecê a distoca

aí, é o imborná de paçoca

a cabaça d’água e o invergá do corpo no eito

 

nos ôi de inxada cumulado na vida

o atestado de labuta

coisa que os calo das mão

num faiz pur sê só dois

o da firmeza e o da repuxa

 

adipois da lida

no terrero, em vorta do lume

cum as istrela recamada no céu

a cheia fazeno crarão

os vaga-lume riscano o negror da noite

na guardança da terra

 

nos calo da mão

o cantadô recebe a viola

e na quietude

canta sua dismidida querença

 

 

ah Sertão do São Marcos

divisórias águas do Braço da minha vida

num achei a sabedoria de ficá

e me perdi nos caminho de vortá

 

 
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